AS AVENTURAS DE PI - FILME

AS AVENTURAS DE PI - FILME

Vamos comparar duas cenas: Certa vez perguntaram para o pensador expoente da chamada Escola de Frankfurt, Theodor Adorno, qual era o sentido da vida. “Se a vida tivesse sentido não estaria fazendo essa pergunta”, disparou Adorno.
Corta para uma das sequências iniciais do filme “A Vida de Pi” onde o protagonista leva um pedaço de carne para o tigre-de-bengala Richard Parker preso em uma jaula no zoo da família. Ele acredita que o tigre possui uma alma e que virá docilmente comer a carne em suas mãos. Quando o tigre já está ameaçadoramente próximo, seu pai o arranca de frente de jaula e diz enfurecido: “Acha que esse tigre é um amigo? Ele é um animal, não um boneco!”. “Animais têm alma, eu vi nos olhos dele”, responde Pi chorando. “Animais não pensam como nós... Quando olha nos olhos dele você vê suas emoções refletindo de volta, nada mais!”, dispara o pai.
Se para Adorno a pergunta feita a ele já reflete uma desconfiança de que a vida não tenha mesmo sentido algum, em “As Aventuras de Pi” o universo nada mais é do que um espelho que reflete nossos desejos e anseios de que tudo tenha algum propósito por existir. Reflexo é a palavra chave de compreensão das quase duas horas de filme e seus principais personagens são o tigre, o mar e o céu: todos são ao mesmo refletidos e reflexos em imagens belíssimas e ao mesmo tempo de desencanto para Pi – o sentido que ele tanto procura parece estar nele mesmo, refletido no universo que o rodeia.
O filme inicia com a explicação para a escolha do estranho nome do protagonista, igualmente um evento arbitrário: seu tio e melhor amigo do seu pai, um exímio nadador, considerava a piscina pública de Paris como a melhor do mundo pela pureza da água. Se quisessem que o filho tivesse uma alma limpa deveria, portanto, se chamar “Piscina Monitor”, o nome a piscina parisiense.

Trailer Oficial Legendado





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